Lúpus: você sabe o que é uma doença autoimune?

Lúpus é uma doença inflamatória autoimune, que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, como pele, articulações, rins e cérebro. Em casos mais graves, se não tratada adequadamente, a doença pode levar ao óbito. Apesar de não ser comum, a doença pode se manifestar em pessoas de qualquer idade, raça e sexo.
O que é uma doença autoimune?
Uma doença considerada autoimune é aquela em que o sistema imunológico ataca tecidos saudáveis do próprio corpo, ou seja, o próprio organismo ataca órgãos e tecidos.
A maioria das doenças deste tipo são crônicas e não possuem cura conhecida, também não transmissíveis Doenças autoimunes também podem passar por por períodos de atividade e períodos de remissão nas fases de remissão a pessoa pode ficar totalmente bem, sem qualquer sintoma, mas isso não significa que o distúrbio imunológico foi corrigido definitivamente.
As causas de uma doença autoimune não são conhecidas. Vale ressaltar que dentre as mais de 80 doenças autoimunes registradas atualmente, o Lúpus precisa de atenção especial pois pode evoluir para um quadro grave de sintomas se não for tratado adequadamente.
Os tipos de Lúpus:
- Lúpus Cutâneo: se apresenta apenas com manchas avermelhadas na pele principalmente nas áreas que ficam expostas à luz solar (rosto, orelhas, colo (“V” do decote) e nos braços.
- Lúpus Sistêmico: esse tipo desta doença autoimune é o mais comum e pode se manifestar de forma leve ou grave. Nessa forma da doença, a inflamação acontece em todo o organismo da pessoa, o que compromete vários órgãos ou sistemas, além da pele, como rins, coração, pulmões, sangue e articulações. Algumas pessoas que têm o lúpus cutâneo podem, eventualmente, evoluir para o lúpus sistêmico.
- Lúpus induzido por drogas: é desencadeado por drogas e/ou medicamentos. Provoca uma inflamação parecida com a do lúpus sistêmico, mas, nesse caso, a doença tende a desaparecer com a suspensão do uso da substância.
- Lúpus neonatal: é bastante raro e afeta recém-nascidos de mulheres portadoras desta doença autoimune. Erupções na pele, problemas no fígado e baixa contagem de células sanguíneas são sintomas que tendem a desaparecer após alguns meses de vida do bebê.
Sintomas do Lúpus:
Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, os sintomas do lúpus podem variar muito de acordo com a pessoa, podem vir de repente ou de maneira lenta, pode ser grave ou não. A maioria dos pacientes com esta doença autoimune apresentam sintomas moderados, que surgem em crises (isto é, momentos de melhora e momentos de piora).
Os sintomas podem também variar de acordo com as partes do corpo que forem afetadas pelo lúpus. Os sinais mais comuns são:
- Fadiga;
- Febre;
- Dor nas articulações;
- Rigidez muscular e inchaços;
- Rash cutâneo – vermelhidão na face em forma de “borboleta” sobre as bochechas e a ponta do nariz. Afeta cerca de metade das pessoas comesta doença autoimune. O rash piora com a luz do sol e também pode ser generalizado;
- Lesões na pele que surgem ou pioram quando expostas ao sol;
- Dificuldade para respirar;
- Dor no peito ao inspirar profundamente;
- Sensibilidade à luz do sol;
- Dor de cabeça, confusão mental e perda de memória;
- Queda de cabelo;
- Desconforto geral, ansiedade, mal-estar.
Como é feito o diagnóstico?
Como os sintomas podem variar muito de pessoa para pessoa, e mudam com o passar do tempo, o lúpus pode ser confundido com outras doenças. Por isso, ainda não há teste específico para o seu diagnóstico.
Se você se identifica com mais de um sinal da doença autoimune (Lúpus), procure, imediatamente, um clínico geral para uma avaliação preliminar. Exames de sangue, urina e dos sintomas clínicos apresentados para o médico durante exame físico podem ajudar a diagnosticar o problema.
O tratamento:
O tratamento do lúpus é feito apenas para controlar os sintomas, já que a doença não tem cura. Ainda assim, é indispensável. Alguns casos são graves e podem levar a complicações, inclusive, à morte.
Lúpus leve pode ser tratado com:
- Anti-inflamatórios não esteroides para as articulações e pulmões, se estiverem inflamados
- Protetor solar para as lesões de pele.
- Corticóide tópico para pequenas lesões na pele.
- Droga antimalárica (hidroxicloroquina) e corticoides de baixa dosagem para os sintomas de pele e artrite.
Lúpus graves ou que levem a pessoa ao risco de morte, são tratados com:
- Alta dosagem de corticoides ou medicamentos para diminuir a resposta do sistema imunológico do corpo (imunossupressores).
- Drogas citotóxicas (drogas que bloqueiam o crescimento celular), quando não houver melhora com corticoides ou quando os sintomas piorarem depois de interromper o uso.
Lembrando que a doença necessita de um acompanhamento com médico, portanto qualquer tratamento deve ser feito por um especialista.
Possíveis complicações do Lúpus:
O tratamento correto é de extrema importância para a saúde de um paciente com Lúpus, pois se não feito corretamente, pode desenvolver complicações graves a diversos órgãos e tecidos do corpo.
As principais complicações do Lúpus costumam acontecer nos seguintes órgãos:
- Rins: a falência dos rins está entre as principais causas de morte por complicações da doença autoimune nos primeiros cinco anos do diagnóstico da doença. Alguns sintomas são comuns nessa fase: irritação, coceira generalizada, dores no peito, falta de ar, náuseas, vômito e edemas.
- Cérebro: se a doença tiver chegado ao cérebro, a pessoa pode apresentar alguns sintomas como dor de cabeça, confusão, tontura, mudanças de comportamento, alucinações, derrames cerebrais (AVC) e convulsões.
- Vasos sanguíneos: anemia, aumento no risco de sangramentos e inflamação dos vasos (vasculite) estão entre as principais complicações possíveis decorrentes da doença autoimune. Em alguns casos, pode ser necessária transfusão de sangue no tratamento.
- Pulmões: o lúpus também pode levar à pleurisia, que é uma inflamação dos tecidos que revestem os pulmões e a caixa torácica, o que pode provocar muita dor durante a respiração.
- Coração: pode ocorrer também, em alguns casos, a inflamação dos músculos do coração e artérias, aumentando significativamente as chances de um infarto.
Com acompanhamento médico adequado e adesão ao tratamento o portador da doença pode viver normalmente e com qualidade de vida.
Lúpus e gravidez:
Durante anos a medicina acreditou que mulheres com lúpus jamais poderiam engravidar. Mas há cerca de 20 anos, sabe-se que a gravidez para mulheres com essa condição não é mais uma ideia distante, porém precisa ser um processo planejado e acompanhado. O ideal é que a mulher engravide, com pelo menos 6 meses de controle da doença. Se você tem lúpus e pensa em engravidar, converse com um reumatologista.