Não é estética, é saúde: conheça a cirurgia bariátrica

A cirurgia bariátrica é um procedimento cirúrgico que ganhou bastante relevância nos últimos anos, já que promete grandes mudanças no corpo dos pacientes. 

Essa cirurgia modifica a anatomia do sistema digestivo e pode incluir, não só a diminuição do tamanho do estômago, como também um desvio do trânsito intestinal. E deu para perceber o quanto esse procedimento é invasivo, não é mesmo? 

Sendo assim, a cirurgia bariátrica é recomendada somente em casos de obesidade grave. Mas, quando a obesidade é considerada grave? A resposta é simples: quando a quantidade excessiva de gordura do corpo provoca prejuízos à saúde. 

Assim, a cirurgia bariátrica só é recomendada quando a obesidade está colocando o paciente em risco e este já tentou outras formas de tratamento e não obteve os resultados esperados.

No nosso conteúdo de hoje, vamos falar em detalhes sobre a cirurgia bariátrica. Vamos abordar o que é a cirurgia bariátrica, em que casos ela é indicada, como ela é feita, quais são os tipos existentes e como se dá a recuperação pós-cirúrgica. 

Se você quer descobrir tudo sobre esse procedimento, leia agora o conteúdo que preparamos. Vamos lá? 

O que é a cirurgia bariátrica?

A cirurgia bariátrica é uma técnica cirúrgica, também conhecida como “redução do estômago”. Isso porque ela muda a forma desse órgão e reduz a sua capacidade de receber alimentos, dificultando a absorção de um número exagerado de calorias. 

Assim, seu intuito é modificar o sistema digestivo para diminuir a quantidade de comida ingerida, ou ainda, para mudar o processo de digestão, contribuindo para a perda de peso ou diminuindo o risco de doenças associadas à obesidade grave.

Quem pode realizar?

A cirurgia bariátrica é indicada em casos específicos em que tratamentos tradicionais já foram realizados e não surtiram efeito. A obesidade é um desses casos e, infelizmente, é uma das condições de saúde mais encontradas no século XXI. 

Em 2020, segundo dados do Ministério da Saúde, 55,7% da população brasileira está acima do peso e 19,8% está obesa. A obesidade pode estar associada a fatores genéticos e causas ligadas ao desequilíbrio alimentar, falta de atividade física e problemas hormonais.

Então, o número de pessoas obesas que procuram tratamentos para emagrecer só aumenta. E entre as saídas, está a cirurgia bariátrica, No entanto, o procedimento tem restrições, sendo indicado apenas para pessoas que tenham entre 16 e 65 anos, com obesidade acima de grau II,  nos seguintes casos:

• Pessoas com IMC (índice de massa corporal) igual ou superior a 50 m Kg/m2;
• Pessoas com IMC (índice de massa corporal) maior ou superior a 40 kg/m2 sem perda de peso mesmo com acompanhamento médico e nutricional comprovado durante, pelo menos 2 anos;
• Pessoas com IMC (índice de massa corporal) igual ou superior a 35 Kg/m2 e presença de outras doenças de risco cardiovascular elevado, como hipertensão, diabetes descontrolada e colesterol alto.

Também existem condições em que o Ministério da Saúde não indica a cirurgia bariátrica. Entre eles podemos citar:

• Portadores de transtorno psiquiátrico não controlado;
• Usuários de drogas e bebidas alcoólicas;
• Portadores de doença cardíaca ou pulmonar grave e descompensada;
• Portadores de hipertensão portal com varizes esofágicas;
• Portadores de doenças inflamatórias do trato digestivo alto;
• Portadores de síndrome de Cushing por câncer.

Possíveis riscos da cirurgia bariátrica

Os possíveis riscos da cirurgia bariátrica estão associados à quantidade e gravidade de doenças associadas à obesidade. Geralmente, essas complicações surgem quando o paciente ainda está internado e podem ser resolvidas pela equipe médica. 

Porém, dependendo da gravidade dos sintomas, às vezes, é necessária uma nova cirurgia para a correção do problema. As complicações mais frequentes são:

• Embolia pulmonar: entupimento de um vaso sanguíneo do pulmão, provocando dor intensa e dificuldade em respirar;
• Sangramento interno no local da cirurgia;
• Pedras na vesícula;
• Fístulas: pequenas bolsas que se formam nos pontos internos da região operada;
• Vômitos, diarreia e fezes com sangue, sudorese, fraqueza, taquicardia e cefaleia, nas primeiras semanas pós cirurgia por conta da adaptação física devido à alteração anatômica;
• Complicações nutricionais, como anemia, deficiência de ácido fólico, cálcio e vitamina B12, e nos casos mais graves, desnutrição.

Benefícios da cirurgia bariátrica

A cirurgia bariátrica traz muitos benefícios. Vamos elencar os principais. Veja:

• Perda de peso: A perda de peso será o fator principal que vai trazer os outros benefícios. Aqui, há uma grande vantagem: o fim do círculo vicioso da perda e ganho de peso, o que ajuda o paciente a manter a perda de peso em longo prazo;
• Melhora e remissão do diabetes tipo 2: Depois da cirurgia, muitos pacientes conseguem equilibrar o nível de glicemia e mantê-lo controlado, deixando até mesmo de tomar remédio em alguns casos;
• Redução do risco de morte: O desaparecimento das doenças associadas à obesidade e a diminuição do risco de desenvolver comorbidades é um dos grandes benefícios dessa cirurgia. A perda de peso diminui a ocorrência de hipertensão, diabetes, problemas cardíacos, desgaste precoce de articulações, melhora da qualidade do sono, entre outros fatores;
• Diminuição do uso de remédios: ao atingir o peso ideal, o paciente diminui ou para totalmente o uso de remédios para tratar problemas relacionados à obesidade;
• Melhoria da autoestima: A construção de uma nova imagem após a perda de peso, a redução de medidas e um novo estilo de vida são benefícios importantes que ajudam a motivação, o autoconhecimento e trazem mais segurança e conquistas individuais em outras áreas da vida;
• Criação de hábitos saudáveis: A cirurgia bariátrica exige uma nova rotina de alimentação. Esse processo proporciona ao paciente maior disposição para praticar atividades físicas. Dessa forma, a pessoa passa a valorizar mais o bem-estar e a saúde, atitudes que implicará em suas novas escolhas e valores futuros.

Tipos de bariátrica:

Pré-cirúrgico: o que fazer?

Assim como qualquer procedimento cirúrgico, a cirurgia bariátrica requer um pré-operatório. Nele, o paciente realiza uma série de exames e passa, obrigatoriamente, em consulta com os seguintes profissionais: cirurgião, cardiologista, endocrinologista, psicólogo, nutricionista e fisioterapeuta. 

Nesta etapa, ele também preenche o documento Consentimentos Informado, documento que informa o paciente sobre os benefícios e riscos da cirurgia.

O cirurgião fará uma avaliação minuciosa, anotando:

• Peso, 
• Altura, 
• Quando começou a engordar, 
• Doenças pré-existentes, 
• Quanto tempo fez tratamento clínico com dieta, 
• Se já usou medicamento para emagrecer, 
• Hábitos alimentares, 
• Atividade física que realiza.

Tudo isso a fim de entender se o paciente é, realmente, um candidato à cirurgia.

Após essa avaliação e uma vez indicada a cirurgia, o paciente fará os exames de imagem e laboratoriais, conforme relação abaixo:

• Endoscopia Digestiva Alta com pesquisa de H.pylori
• USG de abdome total
• Ecocardiograma com Doppler Colorido
• RX de tórax PA e perfil
• Eletrocardiograma
• Doppler arterial e venoso de membros inferiores
• Polissonografia
• Hemograma
• Uréia e creatinina
• Glicemia
• TGP e TGO
• TSH
• Ferro e ferritina
• Zinco e magnésio
• Vitamina B12
• Hidroxi D25
• Colesterol total e frações
• Triglicérides
• Coagulograma
• Sorologia para hepatite B e C, 
• HIV
• Beta HCG (para mulheres)
• Urina I 
• Urocultura

Assim, o cardiologista avaliará o paciente do ponto de vista cardiológico, através de exame físico minucioso e, se julgar necessário, pedirá exames complementares. Se o paciente estiver apto para a cirurgia, o médico fornecerá um relatório atestando a aptidão do paciente para que seja submetido à anestesia e cirurgia.

O nutricionista poderá também solicitar exames complementares. Depois, uma vez habilitado para a cirurgia, o profissional emitirá relatório informando toda a condição clínica do paciente, inclusive suas comorbidades, se existentes, e sua curva de peso dos últimos dois anos com  intervalos médios de seis meses.

Bem como o pneumologista, também poderá pedir exames complementares. Assim, ele analisará a radiografia do tórax, a prova de função pulmonar e a polissonografia. Nos casos de qualquer comprometimento, ele deverá orientar o paciente e o médico para o pré e o pós-operatório.

E, claro, o psicólogo avaliará o paciente em relação aos medos e expectativas e deverá emitir um laudo dizendo se o paciente está ou não pronto para a cirurgia. O fisioterapeuta irá avaliar os exames pré-operatórios e prescrever exercícios que deverão ser feitos antes e, principalmente, depois da cirurgia, e orientar a escolher a meia anti-trombose na medida certa.

Depois o paciente de posse de todos os exames, relatórios e laudos retorna ao cirurgião para agendar a cirurgia. É indicada também dieta líquida 24 horas antes da cirurgia bariátrica e suspensão do cigarro 30 dias antes do procedimento.

Pós-cirúrgico: dicas para lidar com ele

O pós-cirúrgico pode ser sempre um momento delicado e de adaptação do corpo. Por isso, veja algumas dicas que separamos para você entender como funciona com a cirurgia bariátrica:

Primeiros dias após a cirurgia bariátrica

O paciente é alimentado no 1º dia de pós-operatório com dieta líquida e fracionada, para que comece a se adaptar à nova vida. A duração dessa etapa é em torno de 7 a 10 dias. 

Depois inicia-se a dieta mais cremosa/pastosa e, em torno do 25º a 30º dia após a cirurgia, inicia-se a transição para a alimentação normal. Com a orientação de uma equipe multidisciplinar, cirurgião, clínico e nutricionista, serão explicadas maneiras e tipos de alimentos liberados para cada uma das fases. 

Suplementos e medicações

Após a cirurgia, os pacientes também devem iniciar uma suplementação vitamínica, uma vez que a ingestão de alimentos será menor. E, em algumas técnicas, a absorção de nutrientes ficará prejudicada. 

Assim, nas primeiras 3 semanas, também serão prescritos antiácidos para diminuir a possibilidade de úlceras no novo estômago.

Mudanças alimentares

A mudança alimentar é fundamental para a perda e a manutenção do peso. E não é apenas diminuir a quantidade de comida ingerida. É preciso mudar o cardápio, incluindo mais frutas, verduras e legumes, além de limitar o consumo de carboidratos e alimentos gordurosos. Confira dicas para uma alimentação saudável.

Atividades físicas

A prática de exercícios aeróbicos, como caminhada e bicicleta, e exercícios de fortalecimento muscular devem fazer parte da nova rotina do paciente que foi submetido à cirurgia bariátrica. Essa combinação colabora no gasto calórico, mantém o metabolismo basal elevado e evita contusões. Assim, é inegável a importância da atividade física na vida de qualquer pessoa.

Gravidez

As mulheres que desejam engravidar após a cirurgia bariátrica, devem esperar cerca de 18 meses para iniciar as tentativas, pois o emagrecimento acelerado pode prejudicar o bebê. E, claro, sempre com o cuidado redobrado da alimentação durante a gravidez.

Agora que você já entendeu como funciona a cirurgia bariátrica, agende suas consultas, avaliações e seus exames site ou app (disponível tanto para Android quanto iOS) com o dr.consulta. 

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